Nada pela janela,
nada no quarto,
nada na sala ou
na cozinha.
Ê! vidinha de peixe.
Nada pela janela,
nada no quarto,
nada na sala ou
na cozinha.
Ê! vidinha de peixe.
Sou homem: duro pouco
E é enorme a noite
Mas olho para cima:
As estrelas escrevem
Sem entender, compreendo:
Também fui escrito
E neste mesmo instante
Alguém me soletra.
Octavio Paz
Às vezes o que falta em nós
é o silêncio ser revelado;
é a explosão interna
que precisa ocorrer em nosso estado
latente.
E nas paredes do pensamento uma nova ideia
“florar”.
Só assim, alguém em nós será sentido;
na complexidade e perplexidade que atribuímos,
as úlceras internas,
nas amplas janelas,
que possuem os corações humanos.
Aquilo que revelo eu sinto;
outra parte fica no canto,
em busca de abrigo;
não digo escondido.
Apenas, carrego em mim,
no fechar dos olhos.
Isolamento de contato
O silêncio inato
Estou só, calado e grato.
quero uma vida riscada do avesso;
assim como os versos
que escrevo
e aos poucos
… esqueço
É o nome do blogue que traz vários parágrafos inicias de romances famosos. Nada podia ser mais inspirador àqueles que estão fazendo o tal exercício! Agradecimentos à Juliana Amato que localizou neste oceano-papel-de-luz a preciosidade.
Acesse: http://www.oparagrafoum.blogspot.com
(Foi difícil escolher um entre tantos parágrafos iniciais ótimos pra postar aqui. Mas como Faulkner sempre me ajudou, não tive muita escolha)
.
Palmeiras Selvagens
William Faulkner
“A batida soou outra vez, ao mesmo tempo discreta e peremptória, enquanto o médico descia as escadas, o facho de luz da lanterna projetando-se à sua frente pela escada manchada de marrom, do vestíbulo. Era uma casa de praia, embora tivesse dois andares, iluminada por lampiões de querosene – ou por um lampião de querosene, que sua mulher tinha levado para cima quando subiram depois do jantar. E o médico usava um camisolão de dormir, não um pijama, pela mesma razão que fumava cachimbo, coisa de que nunca conseguira e, sabia, nunca conseguiria gostar, entremeado aos charutos ocasionais que os pacientes lhe presenteavam entre um domingo e outro, quando fumava os três charutos que achava que podia comprar por conta própria, embora fosse proprietário da casa da praia e também da casa vizinha e da outra, moradia com eletricidade e paredes revestidas de gesso, no povoado, a quatro milhas de distância. Porque ele agora estava com quarenta e oito anos e tinha dezesseis e dezoito e vinte na época em que seu pai lhe dizia (e ele acreditava) que cigarros e pijamas eram coisas de almofadinhas e mulheres.”
Tradução: Newton Goldman e Rodrigo Lacerda. São Paulo: Cosac Naify, 2003.
Aquilo que está escrito
é a necessidade do escritor
em expressar o não-dito
em se tratando de dor
“A palavra falada é irreversível, tal é a sua fatalidade. Não se pode retomar o que foi dito, a não ser que se aumente: corrigir é, nesse caso, estranhamente, acrescentar. Ao falar, não posso usar borracha, apagar, anular; tudo que posso é dizer “anulo, apago, retifico”, ou seja, falar mais…
“O rumor é o barulho daquilo que está funcionando bem. Segue-se o paradoxo: o rumor denota um barulho limite, um barulho impossível, o barulho daquilo que, funcionando com perfeição, não tem barulho; rumorejar é fazer ouvir a própria evaporação do barulho: o tênue, o camuflado, o fremente são recebidos como sinais de uma anulação sonora”…
“SÃO ENTÃO AS MÀQUINAS FELIZES QUE RUMOREJAM.”………..
“O homem não pode falar seu pensamento sem pensar sua palavra. (Bonald)”
Fica o dito pelo não-dito;
o rumor (o barulho);
interno ou externo
de mais uma citação…
As frases as vezes brotam do nada é só por no papel….. Henry Miller.
Minha definição é como vejo está coisa que saem do nada….
Mi frases, mi letras, mi hablar es como una noche goroenta, de luna llena, onde os
pingos orvalhados, gotejam em frases, letras, pontos, vírgulas, perfeitas,…. no se de dónde saem….
Voy escribir como hipnotizado, a caneta, lo boligrafo desliza suavemente, delicadamente pelas lineas do papel hacendo su trajeto mágico em sonatas de
verão.
burnels
Corpo da mente
Mente no corpo
Seria o corpo
Boneco da mente
Somente a mente
Dentro do corpo
Somente o corpo
Colado na mente
Queria a mente
Fora do corpo
Queria o corpo
Fora da mente
Mente somente
Mexe o corpo
Queria mente
Somente.
quase nada acena, muito tempo
no entanto, a proa:
a única que fica
para sempre figurando
uma seta, não importa
quantos mares
o mesmo motivo
inevitável
Achado nº 1: Entrevista do Henry Miller | Graças à Maysa, localizamos a entrevista do Henry Miller que já mencionamos, a que foi concedida a George Wickes para a Paris Review em 1961. A tradução é de Hamilton Fernandes e a íntegra está no blogue Analorgia.
“Antes de tudo, você poderia explicar como começa de fato a escrever? Aponta lápis como Hemingway ou algo do tipo para esquentar os motores?”
.
Achado nº 2: Tô Gato? | Sou fã. Recomendo a visita: “O que pensam os gigantes da literatura antes de sair pra balada, inspirados pelas orelhas de seus próprios livros“.
Nóis estava na imobiliária do quinzinho que é seu próprio buteco, mano véio legal, nóis estava lá acertando a papelada da compra do assobradado as margens do rio “Águas Espraiadas” , que nome bonito, na zona Sul, coisa de louco, ou melhor de bacana de um lado do rio que cheira mal pra cacete, más da pra encarar, mora os os bacanas, artistas, empresários, gente de posse em suas torres, nome bacana, arranha céus já era, 1 AP., 2 AP, por andar, gente de posse gran finos, gente da porra., do outro lado não menos importante mora nóis, nóis quem? Gente humilde más de caráter, gente que trampa, pega pesado, forja o ferro, nóis não temos torres, más assobradados coisa fina, feito de madeira, restos de móveis que eles jogam fora, eles os bacanas, acabei de comprar na imobiliária do “quinzinho” em suaves prestações ao longo de deleitosos e suaves 20 anos, não é a “Caixa” más parece, assobradado lindo um brinco, com metragem olha só 2×2, parece AP de japonês, todo apertadinho, más uma jóia, mais parece um pombeiro do que assobradado, más é legal, no piso térreo, ouviu isso Malagueta “piso térreo”, coisa de bacana! Como disse:___ No piso térreo de 2×2 metros quadrados, abriga a cozinha, sala de jantar e jogos porque a Malagueta, é suas amigas coisas raras é o Pezão são chegados num truco, Oh! o Pezão, é um primo de Malagueta, este apelido deve-se: o negão tem 2 dois metros de altura, cem kilos, veja só o tamanho do sapato n° 49, é brincadeira ou que mais, más o que tem de tamanho, tem um coração bom, parece uma moça no trato com pessoas, é um doce, este é o Pezão conhecido é bem querido na comunidade de “Águas Espraiadas” zona Sul, lindo não, más eu estava falando do assobradado recém adquirido, Oh! o primeiro piso, o banheiro uma jóia, ecológico da de fundos para o rio, é um buraco no assoalho onde a gente fica de cócoras para fazer as necessidades “fésicas” tem ventilação natural, fechado com uma cortininha de plástico todo furado para as visitas se sentirem ma vontade, porra falei do piso térreo , más não menos importante o piso superior do assobradado, a escada de acesso coisa fina, essas que o pessoal da Eletropaulo usa para subir em postes, ali tem o quarto nupcial com uno lava manos e um pindurol, coisa de pindurar roupa, pois um guarda roupa não cabe ali, um espelho aquele que se compra na 25 de março, mede 10×10 cms, com moldura vermelha, manjado pra cacete na periferia, quarar roupas, uns fios amarrados na janela, muito parecidos com aqueles que tinha na detenção do Carandiru embeleza a comunidade em contraponto com as torres coloridas do outro lado do rio “Águas Espraiadas” que lindo!
Primeiros parágrafos de um romance fictício!
“E agora?”, se pergunta Juan Casanova. Encerrou suas obrigações perante a Academia, estava libertado daquele enrosco, mas onde iria enroscar-se novamente? Era o fechamento de um ciclo, ou apenas uma aproximação de sua espiral, como preferia acreditar. Tudo dá voltas, mas nenhuma volta será igual à anterior. O espiral demonstrava a evolução dos laços, dos traços, dos pactos. Compactuando com o desconhecido, jogado ao acaso, percebe que estava disposto a buscar a própria sorte. Qual sorte estava designada a ele? Além daqueles portões separatistas, voltava a ser mais um número. Ele sempre foi um número, desde seu nascimento. Mas dentro da Academia era um número de destaque, matrícula 01005246, bolsa de estudo adquirida com méritos próprios, conhecido como um Tiranossauro do curso de Geografia, temido nas partidas de dominós dos Centros Acadêmicos, celebrado nos bares universitários, intimado para as festas caseiras, admirado pelo status de Latin Lover conseguido com tanto empenho. Distante disso tudo, cruzava os portões que, por diversas vezes o recebeu de braços abertos, somente com sua monografia – com a primeira e única avaliação de 9,5 com louvor – e uma dívida inimaginável diante de sua conquista. Agora ele era um endividado com louvor!
“Caminante no hay camino, se hace el camino al andar”, sua frase preferida tornava-se verdadeira. Apesar de toda a conjuntura social o forçando a procurar um emprego regrado e bem-remunerado, nada disso fazia parte de sua vontade. Sua atividade preferida não chegava nem perto de pagar um quinto de suas contas. Aqueles que dispunham o dom de digerir com palavras não eram bem-quistos dentro de uma sociedade atrofiada, configurando a veracidade do “Artista da Fome”. Distante de venerar o jejum preferiu voltar seus instintos para a única fartura de sua vivência: difamado e preterido pelo amor. Seus olhos de lince e olhar penetrante dirigiam-se pelos espaços, procurando um tropeço, uma quebra de rotina, um cruzamento ocular. Hipnotizado pelo encontro da ambigüidade, dissidente da monogamia, abrasivo pela união, transformava a afronta das íris, num enrosco conjugado, singelo e sincero. Alterava o desapego de trabalhar em arte de amar.
Inimigo
Disfarçou o último pensamento
não esquecido na pele petrificada.
A versão final do corpo
inominável no chão
evaporou,
aos pés do seu assassino.
A cura é escrever, diziam os antigos.
Minha doença é o vício deste mundo de portas que vou descobrindo.
Uma pouco se abre, outra rígida e emperrada me atormenta.
Ainda busco vestígios de outras mais, tantas de cuja existência nunca suspeitei.
Depois, depois vem este rebote, ressaca da palavra que não encontro. Quando se insinua, perdi a sua imagem.
O mal de escrever não tem cura e causa vertigem.
Mergulho nestes muitos eus e outros com canetas, lápis e papéis.
Neste vício de escreve-deleta ouso prosa e verso, sem água.
À noite é pior, vem o silêncio lá de fora e a doença se agrava: o espaço em branco mais o breu da noite.
Incômodo e desgosto apontam minha nulidade, o silêncio de mais um dia.
A dieta da escrita, recomeço.
Linda natureza
Aqui de nosso planeta
Eu, breve cometa
Esvazie a mente e suas demências
e o resto não servirá para a eloqüência do dizer
Respire a fraqueza de toda fragrância que tem o sentir
e acompanhe a mão que no gesto de desespero
grita uma palavra sobre a mesa e o papel.
São atos, fatos e passos:
saltos, soltos…desfaço.
Escapo em traços
Remarco, retiro e repasso
e na incerteza de toda idéia
paro, fecho e refaço
Sobre a mesa e o papel
acompanho a mão em seu gesto de desespero;
e nesse momento respiro a fraqueza que tem a fragrância do sentir
e na eloqüência do meu dizer:
Es-vazio a mente e minhas demências…
Minha Malagueta
Sim eu terei um imenso prazer em acompanha-la, mesmo depois da festa, eu te espero, não tenho pressa.,__ tamanha desculpa era só para espera-la, eu achei seu jeito criança, ingênuo interresante, mexeu com minhas entranhas, meu ego, não sei explicar está coisa, logo eu que nunca acreditei nesse papo de amor a primeira vista, isto era coisa para menininhas classe media e seus coleguinhas bichinhas seila o que , todos enfeitados como pavão em dia de desfile para as coroas suas mães cheia da grana, carrões, chofer particular e suas putarias ecológicamente corretas , só achei, ledo engano, cai numa tremenda arapuca, esse negócio chamado meu “ego” meu “eu” no se lo que más, chupei maior bagaça é ainda por cima salgada pra cacete e ainda com pimenta, logo eu que achei sempre ser um ban-ban, isperto como o carioca vagal do calçadão gosta de prónuncia, “ne meu pexe”,. É ahora mi isperto, estoy babando, babuciando, engasgando, enfin curtindo maior fuessa, yo que pense que está cosa llamada amor, pasión era só cosa de bacana, de playboy, com sus carrões, importados pirateados do Paraguay pelos sacoleiros bolivianos e brasiguaios, que foda me enrosquei, seu nome que bonito “Maria Pedrita Malagueta” porra não é mexicana más e ardida pra caramba, seus dois caninos pega pesado parece travas de chuteira onde o sagueirão só da de bica, ai machuca, cada beijo que ela me dá mais parece aquele treco que as mulheres, as marias, os juões de saiote usam para desentupir pias, ai que dor, parece alicate de extração dentária, está cosa ainda existe, cada chupada que me dá ou mejor cada beso, és de matar, me deixa sem fôlego, é eu que achei que está droga, está porra chamada Amur, que os franceses gustan de llamar hacendo biquinho, que droga me enrosquei todo na rede da Malagueta como gusta de ser chamada pelos íntimos, mi ferrei, estou parecendo aquele sujeito, cara , mano, chegado, pexe, que é bastante usado em músicas bregas, românticas, da onda, do momento, “estou amando locamente, desesperadamente”, minha Malagueta”. Estou amando locamente minha Malagueta que não dá mole pra cima de mim, marcação cerrada, ali junta colada, não deixa eu nem respirar, é o pior de tudo estou gostando deste negócio chamado amor, paixão, porra eu falei seu jeito criança, ingênua, que idéia maluca é esta a minha, oh! minha Malagueta me pegou, mi traçou direitinho como um peixe fora dágua, ainda bem pois não sei nadar, então é isso tudo que eu achava que era cosa só di bacana aconteceu comigo, as dondocas tem TPM- “tensão pré menstrual”, até parece logotipo de empresa aérea que legal, gran fino, agora minha Malagueta tem, tem TPF – “tesão pós foda” a cada 40 noites, é eu só me fodo com sua foda, está és minha Malagueta.
Ardida, marca em cima cabelo tipo piaça aquele fio de fazer vassoua, crioula, bunduda, destentada, assim és minha Malagueta, que ainda vai nas gafieiras da vida com suas amigas que são verdadeiras coisas raras, figurinhas carimbadas, eu ficar com ciúmes, nem pensar se não entro na porrada, junto com quem ela estiver , Oh! minha Malagueta, quando e hora do baile, forro, gafieira sei lá o que, acabar tenho que estar lá a espera-la, se não me ameaça dar um chega em mim, eu curto, amo, de verdade, a Malagueta, essa coisa me pegou pra valer, más cá entre nos é gostosooooooooooooooo! Compartilhar o fedo, o suor, a caatinga, o pummm, isto e coisa de bacana, eu e Malagueta e peido na cara dura, cara de pau , que cheiro horrível, cheira comida, podre, azeda do dia anterior do buteco do Málaquias, ora não posso falar mal, senão Malagueta perde o emprego, o cara, o Málaquias, ou como gosta de ser chamado “Málaca” e seu patrão, então és isso ai essa cosa llamada Amur, pasión, no tem pra ninguém, bacana, bonitão, ralé, coitadinho, quando pega o bicho pega, não adianta correr, fugir o amor e gostoso pra caramba quando compartilhado sem o menor pudor, sem putaria, sem frescura,….
…..continuarei outro dia…
“o próximo parágrafo não sei como será, se é que vai ter,…
“Ana” 1ª versão, a 2ª vai ser…..
Burnels